segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Essa 1ª CONFECOM será duríssima para nós dos movimentos sociais

Acompanhe a 1ª CONFECOM também por este link: http://www.redebrasilatual.com.br/multimidia/blogs/blog-da-confecom

Leia essa matéria postada no blog do Rodrigo Viana: http://www.rodrigovianna.com.br/

"Grupo Bandeirantes" ameaça "melar" a Confecom; "Globo" usa "JN" para bater na Conferência


Publicada em segunda, 14/12/2009 às 19:15 e atualizado em segunda, 14/12/2009 às 22:41

Lula quer mostrar que tem mais jogo de cintura do que ela? Vá até o fim do texto e saiba do que estou falando

Estou em Brasília. Acompanho a cerimônia de abertura da Confecom, a Conferência de Comunicação convocada pelo governo Lula (depois de grande pressão dos movimentos sociais que lutam pela democratização do setor).

Pois bem. A cerimônia devia ter começado há duas horas. Mas, nos bastidores, corre a informação de que o Grupo Bandeirantes estaria ameaçando abandonar a conferência. Por isso, há uma reunão de emergência pra apagar o incêndio...

Pra quem não está acostumado com esse debate, um rápido resumo. Quando Lula convocou a Confecom, as maiores emissoras de TV (reunidas na ABERT - "Globo") - além de jornais (ANJ - "O Globo, "Folha", Estadão) e revistas (ANEER - Abril) - fizeram de tudo para inviabilizar a conferência. Queriam controlar a pauta de debates, queriam controlar a comissão organizadora.

Não aceitaram as regras da Confecom, e logo se retirarm do processo.

O governo fez um enorme esforço para convencer a ABRA (que reúne Band e RedeTV) e as teles (grandes grupos que chegaram a Brasil para investir em telefonia e internet - Oi,Telefônica, Vivo) a permanecer na Confecom.

Deu certo. As etapas municipais e estaduais da Comfecom ocorreram, com sucesso.

Para agradar os empresários, criou-se uma regra que divide os delegados da Confecom nacional (esses que estão agora reunidos em Brasília, e que foram eleitos em cada Estado) em 3 categorias: sociedade civil (40%), empresários (40%), governo (20%). Além da sobre-representação empresarial (40% é demais!), estabeleceu-se outra regra: propostas polêmicas (ou, "temas sensíveis") só serã aprovadas na Plenária Final da Confecom se tiverem % dos votos. E mais: é preciso a aprovação de ao menos um representante de cada setor. Ou seja, em tese, os empresários teriam poder de veto na Plenária Final, porque detém 40% dos delegados. Se todos os delegados empresariais fecharem contra uma proposta, o veto estará dado.

O governo avalia que valeu ceder porque realizar a Confecom contra vontade de Globo, Veja, Folha e outros é uma grande vitória.

Concordo. Só acho que o governo Lula tinha força para ter convocado a Confecom muito antes. Mas ok. Essa discussão já está vencida.

O que ineteressa é que agora o Grupo Bandeirantes quer mais!!! Quer direito de veto também nos grupos de trabalho (GTs) que vão selecionar as propostas para a plenária final. Isso não está previsto nas regras. Mas eles querem. Estão acostumados a mandar. E pronto!

Há mais de mil delegados do Brasil inteiro a esperar a cerimônia de abertura. Que não ocorre porque o Saad (dono da Band) resolveu vender um pouco mais caro a participação na Confecom.

Isso porque é a Bandeirantes. Imaginem como seria o jogo se a Globo estivesse aqui?

O governo Lula aposta em negociar, sempre. É uma grande mérito. Mas dar essa moral toda aos Saad já é demais.

Em vez de debater comunicação, estamos no plenário, olhando a Ivete Sangalo a requebrar no telão. Sabe-la lá por que, alguém resolveu botar um DVD da Ivete pra acalmar o povo, enquanto o Saad não acaba de cobrar a fatura dele.

Viva a Ivete Sangalo!

EM TEMPO - Acabo de saber que os representantes do governo na comissão organizadora da Confecom "cederam" (digamos assim) aos argumentos da Band. Empresários terão direito de veto também nos grupos de trabalho da conferência (pelo menos, é o que eles acham; mas podem ter surpresas...)

EM TEMPO 2 - A Globo usou o JN para bater na Confecom. Até agora, fazia de conta que não existia. Com duas mil pessoas em Brasilia debatendo comunicação, a Globo decidiu bater. Vejam o que saiu no Jornal Nacional (o texto está no G1; não consegui saber se foi um editorial assumido, lido pelo apresentador, ou um arremedo de reportagem; alguém viu?) - http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1415094-10406,00-CONFERENCIA+DEBATE+CONTROLE+SOCIAL+DA+MIDIA+E+NOVA+LEI+DE+IMPRENSA.html

(texto do JN, no G1)

"Começou, nesta segunda-feira, em Brasília, a primeira Conferência Nacional de Comunicação, que pretende debater propostas sobre a produção e distribuição de informações jornalísticas e culturais no país. Entre as propostas, estão o controle social da mídia por meio de conselhos de comunicação e uma nova lei de imprensa.

O fórum foi convocado pelo Governo Federal e conta com 1.684 delegados, 40% vindos da sociedade civil, 40% do empresariado e 20% do poder público.

Mas a representatividade da conferência ficou comprometida sem a participação dos principais veículos de comunicação do Brasil. Há quatro meses, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, a Associação Brasileira de Internet, a Associação Brasileira de TV por Assinatura, a Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Brasil, a Associação Nacional dos Editores de Revistas e a Associação Nacional de Jornais divulgaram uma nota conjunta em que expõem os motivos de terem decidido não participar da conferência. Todos consideraram as propostas de estabelecer um controle social da mídia uma forma de censurar os órgãos de imprensa, cerceando a liberdade de expressão, o direito à informação e a livre iniciativa, todos previstos na Constituição.

Os organizadores negam que a intenção seja cercear direitos. A conferência foi aberta com a participação do presidente Lula."

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Matéria extraída do Vermelho: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=121327&id_secao=6

14 de Dezembro de 2009 - 22h43

Lula critica empresários por boicote à Conferência de Comunicação

A ausência de seis das oito entidades empresariais na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que começou nesta segunda (14) à noite, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães em Brasília, foi duramente criticada na abertura do evento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado direto aos grupos parabenizando os que tiveram “coragem” de comparecer.

Discursou no evento Johnny Saad,presidente da Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), que é encabeçada pelo grupo Bandeirantes e pela Rede TV. Ele provocou a manifestação do plenário contra a Rede Globo ao dizer que nas emissoras abertas é necessário a diversidade e pluralidade, mas isso não acontece porque “uma única organização não deixa isso acontecer”.

“Quero aqui fazer um agradecimento especial à participação dos empresários que não tiveram medo de vir nesta Conferência participar do processo de democratização”, disse o presidente sob aplauso dos mais de 1.600 delegados presentes ao evento.

Referindo-se ainda ao boicote desse segmento, o presidente destacou a realização das 27 Conferências Estaduais que aconteceram sem nenhum conflito entre os diversos representantes de entidades sociais, empresariais e públicos.

“Por isso mesmo lamento que alguns atores da área da comunicação tenham preferido se ausentar dessa conferência temendo sabe-se lá o quê. Perderam uma ótima oportunidade para conversar, defender suas ideais, lançar pontes e derrubar muros. Eu que sou um homem de conversa e de diálogo volto a dizer: lamento, mas cada um é dono de suas decisões e sabe onde lhe aperta o calo, bola pra frente e vamos tocar nossa conferência”, disse Lula.

Vaia a Hélio Costa

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, considerado por muitos como representante dos empresários que boicotaram o evento, recebeu estrondosas vaias de delegados que também o criticaram por tentar inviabilizar o evento. Mesmo assim, o ministro terminou seu discurso destacando a inédita realização da Conferência e a coragem do presidente Lula de realizá-la.

O coordenador do Fórum Nacional da Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Schroeder, destacou o papel do movimento social na efetivação do evento. Disse que a Conferência rompeu o silêncio e permitirá construir uma agenda na área que vai possibilitar a elaboração de políticas públicas no setor.

Schroeder também cobrou do governo o compromisso com a convocação da próxima Conferência, uma vez que o processo estava apenas começando.

A secretária de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Bertotti, fez um cumprimento especial às mulheres que ao longo das etapas estaduais se destacaram trazendo a questão de gênero para o debate.

A Conferência homenageou o jornalista Daniel Hertz, morto em 2006 em decorrência de um câncer. Ele dedicou a maior parte da sua vida à luta pela democratização da comunicação. Seus dois filhos receberam uma placa em sua homenagem.

Da Sacursal de Brasília,
Iram Alfaia
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=121327&id_secao=6

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