segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mais 11 dias para assistir a tevê dos trabalhadores

Nos arquivos do sindicato, imagens da reunião de 1987 do então deputado federal Lula com o ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães (Foto: Jailton Garcia)
 
29 de Julho de 2010 | Notícias | Mídia 
 
Depois de 23 anos de luta, chegou a hora dos trabalhadores colocarem sua emissora de televisão no ar. A TV dos Trabalhadores inicia suas transmissões no dia 13 de agosto, a partir das 19h. Trata-se da primeira do gênero no País. Confira abaixo os canais.

“Vencemos a primeira etapa. Agora vamos consolidar nossa programação e construir uma grande rede por todo o País”, salientou Sergio Nobre, presidente do Sindicato, ao anunciar em coletiva nesta quinta-feira para a imprensa a estreia da tevê.   

Segundo ele, a emissora seguirá uma orientação completamente diferente do que se conhece em termos de programação televisiva. “Nosso propósito é ter uma programação onde o trabalhador se veja, onde o militante sindical e dos movimentos sociais sejam valorizados como cidadãos e sujeitos da construção da história brasileira”, disse Sérgio Nobre.

Para o dirigente, o mundo do trabalho e do trabalhador não existe na programação das grande redes comerciais. “Quem, quando vê uma novela, não se pergunta como aqueles personagens vivem, onde trabalham, como se mantém? Sobre trabalho, se muito, uma novela mostra o empresário e o universo do capitalista”, comparou o presidente do Sindicato. 

Programação com o olhar dos trabalhadores

Valter Sanches, diretor de Comunicação do Sindicato, afirmou na mesma entrevista que o carro chefe da TV dos trabalhadores será um telejornal transmitido de segunda a sexta-feira das 19h às 19h30. Mas a grade de programação inclui oito programas jornalísticos que terão o olhar dos trabalhadores.

Logo após o telejornal, a cada dia, às 19h30, entrarão no ar programas de uma hora sobre economia solidária; serviços (direitos, saúde etc.); inclusão digital; até para mostrar como o telespectador pode se tornar um colaborador da programação; um de entrevista com pessoas que, a partir de seu trabalho influenciam a vida da coletividade; um debate de assuntos do dia a dia; outro sobre memória a partir dos 26 anos de aquivos de imagens da TVT e a repercussão dos fatos do passado nos dias atuais; e, por fim o já conhecido ABCD Maior em Revista, que priorizará os movimentos sociais da região.

Onde ver a TV dos trabalhadores

Além do canal 46 UHF de Mogi das Cruzes, sede da televisão, que transmitirá para as cidades do Alto Tietê, a partir da estreia, a TV dos Trabalhadores poderá ser sintonizada pela rede de emissoras comunitárias de São Paulo. São 26 praças em várias regiões no Estado. No ABC ela é a Eco TV, canal 9 digital e 96 analógico.

Outro convênio foi firmado com a NGT, rede em UHF presente em vários Estados e em grande parte de São Paulo, num  total de 170 localidades para cerca de 38 milhões de pessoas. A TVT poderá ser vista também pela internet.

O longo caminho da TVT

Final dos anos de 1970 e início de 1980 – noticiário sobre as greves é patronal e os trabalhadores despertam para importância de terem seus próprios meios de comunicação. Com as máquinas paradas, o noticiário é parcial para os patrões e as imagens das emissoras mostravam a produção a todo vapor.
1984 – É criada a TVT para registrar a luta dos trabalhadores e do movimento social.
1987 – Lula, deputado federal, e Vicentinho, presidente do Sindicato à época, entregam ao Ministério das Comunicações o primeiro pedido de concessão de um canal de TV.
1991 – É criada a Fundação Comunicação, Cultura e Trabalho, requisito para a disputa da concessão. Hoje é ela que mantém a TVT.
2005 – Concessão do canal 46, de Mogi das Cruzes.
13 de agosto de 2010 – previsão da estreia da tevê

Fonte: http://www.smabc.org.br/smabc/materia.asp?id_CON=21071&id_SUB=79

A “urna eletrônica” do relógio de ponto

Olha isso pessoal...

http://www.tijolaco.com/?p=21264

julho 29th, 2010 às 12:10


O Estadão publica hoje um editorial onde, de forma nada velada, acusa o Ministério do Trabalho de estar implantando, nas empresas com mais de 10 empregados, um novo sistema de controle de ponto para beneficiar os fabricantes de mecanismos de controle de ponto. Ora, toda empresa média ou grande já tem controle de ponto. O que há de diferente no sistema que o Ministério quer implantar?

Simples, o trabalhador recebe um comprovante dos horários de entrada e saída e das horas extras eventualmente realizadas. Com ele, o empregador não é o único detentor das informações sobre a jornada de trabalho efetivamente realizada e, com isso, no caso de divergência, o trabalhador tem um instrumento de prova de que deu à empresa seu esforço laboral por determinado período, sem depender de testemunhas (quem já precisou sabe como é difícil conseguir uma, pelo medo da demissão) e outros meios difíceis de conseguir.

As estimativas do Ministério do Trabalho é que, por ano, deixem de ser pagas pelas empresas aos trabalhadores horas-extras no valor de R$ 20 bilhões. E, com isso, deixem de ser recolhidos R$ 4,6 bilhões à Previdência Social e mais R$ 1,5 bilhão ao FGTS.

Mas há, como mostra o editorial do Estadão, uma grita dos empresários contra isso.
Quais são os argumentos usados? O primeiro é o de que é muito caro colocar um relógio de ponto certificado pelas novas normas e capaz de imprimir um comprovante. O argumento não tem a menor consistência.

Primeiro, porque o equipamento não é obrigatório para empresas que usam o relógio mecânico, onde os horário ficam registrados no cartão e, assim, já são elementos de prova trabalhista.

Segundo, porque o novo equipamento custa a partir de R$ 2,5 mil, o que não é nenhum sacrifício impossível para uma empresa média ou grande, ainda mais porque tiveram mais de um ano para se adaptarem à medida. Para uma empresa de 10 empregados, a compra parcelada de um equipamento destes, em um ano, não dá um custo de R$ 30 por empregado/mês. E, claro, este custo vai se diluir em mais oito ou dez anos de vida útil de um equipamento assim.

Será que isso é muito para garantir o direito do trabalhador de receber o que lhe é devido?
É curioso como os argumentos lembram em tudo os usados contra a emissão simultânea de voto nas urnas eletrônicas. Vejam só:

“Ah, vai gastar papel…” É? Então vamos proibir anúncios nos jornais, nas revistas, distribuição de impressos promocionais, embalagens sofisticadas e até papel de presente, porque tudo isso gasta papel, não é? E, depois, na certificação do Ministério, um dos critérios é que as máquinas possam usar papel reciclado.

“Ah, vai criar fila na hora de bater o ponto!”. Claro, se trocarem dez terminais de passar cartão simplesmente por um que emita o recibo, vai dar fila. Mas não é por cinco segundos que leve a impressão do papel que uma empresa vai entrar em colapso na hora da entrada e da saída.

“Ah, mas os  sistemas atuais são 100% seguros”. São. Ou não são? O que impede o mau empresário de baixar até da internet um dos inúmeros programas que alteram horário de entrada e saída de empregados ou apague dos registros parte ou mesmo todas as horas extras efetuadas. E o trabalhador vai dizer o que? Vai chegar para o patrão e dizer: olha, eu fiz 20 horas extras e só me pagaram 14. E o RH tira a planilha e mostra, olha aqui, pode contar, foram só 14. E o que o empregado faz? Com que ele prova o contrário?

Incrível é que existem alguns setores sindicais fazendo coro com o patronato. Claro, onde os sindicatos são fortes, em categorias mais especializadas e vigorosas, pode ser que o próprio sindicato possa fiscalizar isso. Tanto é assim que a regulamentação do Ministério permite que, por convenção ou acordo coletivo o controle de ponto possa ser feito de outra forma. Mas para o trabalhador mais disperso, menos especializado, mais dependente do emprego, com sindicato mais fraco ou até com aqueles “pelegos” que se acertam com as empresas, o que vai defendê-lo da avidez de maus patrões?

Engraçado que o empresariado brasileiro fala o tempo todo em modernidade. Mas reage ao uso de um equipamento eletrônico que permita a comprovação simples, simplérrima, de quantas horas seu empregado trabalhou para ele.